sábado, 9 de noviembre de 2013

Amaneceres y atardeceres de casa al trabajo y viceversa




2 comentarios:

  1. Não basta abrir a janela
    Para ver os campos e o rio.
    Não é bastante não ser cego
    Para ver as árvores e as flores.
    É preciso também não ter filosofia nenhuma.
    Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
    Há só cada um de nós, como uma cave.
    Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;

    E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
    Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.

    Alberto Caeiro

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  2. O que nós vemos das coisas são as coisas.
    Porque veríamos nós uma coisa se houvesse outra?
    Porque é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
    Se ver e ouvir são ver e ouvir?

    O essencial é saber ver,
    Saber ver sem estar a pensar,
    Saber ver quando se vê,
    E nem pensar quando se vê,
    Nem ver quando se pensa.

    Mais isso (triste de nós que trazemos a alma vestida!),
    Isso exige um estudo profundo,
    Uma aprendizagem de desaprender
    E uma seqüestração na liberdade daquele convento
    De que os poetas dizem que as estrêlas são as freiras eternas
    E as flôres as penitentes convictas de un só dia,
    Mas onde afinal as estrêlas não são senão estrêlas
    Nem as flôres senão flôres,
    Sendo por isso que lhes chamamos estrêlas e flôres.

    Alberto Caeiro

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