lunes, 10 de septiembre de 2012

Alberto Caeiro. Poema XXIV


O que nós vemos das coisas são as coisas.
Porque veríamos nós uma coisa se houvesse outra?
Porque é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê,
Nem ver quando se pensa.
Mais isso (triste de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender
E uma seqüestração na liberdade daquele convento
De que os poetas dizem que as estrêlas são as freiras eternas
E as flôres as penitentes convictas de un só dia,
Mas onde afinal as estrêlas não são senão estrêlas
Nem as flôres senão flôres,
Sendo por isso que lhes chamamos estrêlas e flôres.

En ocasiones un poeta nos abre los ojos y vemos las cosas como realmente son.

No hay comentarios:

Publicar un comentario